“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz.” Isaías 9, 2
O nascimento de Jesus Cristo é a luz que penetra e dissolve toda a escuridão causada pelo pecado.
A presença do Senhor Jesus no meio do seu povo restabelece entre nós a alegria e a paz.
É por isso que na noite do Natal nós também vamos a casa de Deus, guiados pela chama da fé para nos encontrar com Aquele que é a Luz do Mundo.
Na Bíblia, encontramos no evangelho de São Lucas, onde ele narra a proclamação do nascimento de Jesus Cristo na gruta em Belém e teve o maior cuidado ao descrever tudo aquilo que havia acontecido naquela noite.
São Lucas não fez apenas uma crônica daqueles acontecimentos. É mais do que isso. Ele quis que seu texto levasse o seu leitor a encontrar-se com Jesus Cristo, quer seja na sua palavra, quer seja na Eucaristia.
Antes de tudo, São Lucas estabelece historicamente quando tudo isso acontece, então, ele começa a narrar o nascimento de Jesus dizendo:
“Naqueles dias, saiu um decreto do imperador Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra.” Lucas 2, 1
Isso é de fundamental importância para quem imagina que isso é uma fábula. Lucas nos conta um fato que é conhecido na história mundial, Cesar Augusto publica um decreto e determina o recenciamento de todo o povo que estava sob o domínio de Roma.
É, portanto, na história da humanidade que Deus se revela, que Deus toma parte e mostra a sua face. Deus entra na história do homem para santificá-lo e para salvá-lo.
Deus se aproveita de todos os fatos da nossa vida para falar conosco. Por causa do decreto do imperador, Maria e José, próximos a data do nascimento de Jesus, se viram obrigados a partir de sua cidade Nazaré e se dirigir para Belém.
Maria e José tiveram que deixar sua casa e seus parentes e se puseram a caminho para fazerem o recenciamento como o imperador havia mandado. Uma viagem nada confortável para um casal que estava prestes a ter o seu bebê. Foram para Belém, pois José era descendente de Davi.
Foram para uma terra que não os esperava. Foram para uma terra que, assim como diz o evangelho: “não havia lugar para eles.” Lucas 2, 7.
Mas nenhum fato da nossa vida é desconhecido por Deus. Deus se aproveita de todos os fatos de nossa vida para ali realizar a sua obra.
Aquilo que poderia parecer apenas um deslocamento geográfico por obediência ao decreto do imperador, era, na verdade, um instrumento de Deus, porque Deus age em todos os fatos da nossa vida. Como diz um ditado popular: “Deus escreve certo por linhas tortas”.
E, assim, explicou São Lucas:
“Quando estavam ali, chegou o tempo do parto. Ela deu à luz o seu filho primogênito.” Lucas 2 ,6-7
Jesus, sendo da descendência de Davi, não poderia nascer em outra cidade, porque o profeta Miquéias, 700 anos antes do nascimento de Jesus, havia feito a seguinte profecia:
“E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti é que sairá um príncipe que será o pastor do meu povo, Israel.” Mateus 2, 6
E por fim, São Lucas, ao descrever o cenário do nascimento de Jesus, explica que Maria ao dar à luz ao seu filho o envolve em faixas e o reclina na manjedoura, e conclui o evangelho dizendo que o anjo apareceu aos pastores para lhes anunciar uma grande alegria.
Essa grande alegria anunciada pelo anjo do Senhor aos pastores não provem das nossas experiências humanas, do nosso dia a dia, essa alegria provém do amor de Deus, do mistério que marcou e continua a marcar a história da humanidade.
O homem se admira de como Deus olha para ele, o ama, está ao nosso lado, pensa em nós e toma parte da nossa história.
O Natal é uma alegria que nasce da contemplação do rosto daquele menino que nasce em Belém, porque nós sabemos que aquele rosto é o rosto de Deus na humanidade.
Um fato importante da cultura de Israel naquele tempo e que deve ser observado, é que havia alguns grupos dentro da sociedade de Israel que eram absolutamente desprezadas. Podemos citar os leprosos, as prostitutas, os cobradores de impostos e os pastores de rebanhos.
Todos eles eram desprezados pelas autoridades religiosas de Israel. Os fariseus caracterizavam os pastores de rebanho como ladrões e enganadores. Eles eram tão desconsiderados dentro da sociedade de Israel, que um pastor de rebanho não tinha nenhum direito civil reconhecido. Nenhum pastor de rebanho poderia atuar em qualquer causa em tribunal porque o testemunho dele não valia.
Pois bem, naquela noite do nascimento de Jesus, assim como diz o evangelho que “não havia lugar para eles”, os anjos vão anunciar a aqueles que também não tinham lugar na sociedade de Israel:
“Não tenhais medo! Eu vou anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” Lucas 2, 10-11
Anunciar aos pastores o nascimento de Jesus significa dizer que Ele veio para os pecadores, para os impuros, que Jesus veio salvar todo homem e toda mulher.
Essa é a verdadeira alegria do Natal. Deus nos ama! Nós somos amados por Ele. Ele enviou o seu filho para nos salvar do pecado. Deus abraçou a humanidade com a sua infinita misericórdia e nos convida a fazer o mesmo.
Celebrar o nascimento de Jesus é, portanto, deter-se na contemplação deste mistério: Deus que se fez homem para salvar o homem, mas, sobretudo, celebrar o nascimento de Jesus é acolher em nosso coração o próprio menino Jesus para manifestar ao mundo a alegria e a luz que este nascimento trouxe para toda a humanidade.