O que é o Domingo de Ramos para os católicos?

O que é o Domingo de Ramos para os Católicos

Tudo aquilo que a Igreja Católica celebra ao longo do ano, dentro do calendário litúrgico, encontra o seu pleno cumprimento no Domingo de Ramos e encontra o seu ponto mais alto ao longo da Semana Santa, porque ao longo da Semana Santa, a Igreja Católica celebra os fatos mais importantes e mais decisivos da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo: a paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor.

Com a celebração do Domingo de Ramos, a liturgia da Igreja entra na semana mais importante de todas as celebrações religiosas da Igreja Católica: a Semana Santa.

A Semana Santa se abre exatamente com a celebração do Domingo de Ramos, onde o nome mais correto e completo desta celebração deve ser dito Domingo de Ramos da Paixão do Senhor.

Os dois evangelhos da liturgia do Domingo de Ramos(Mc 11,1-10 e  Mc 14,1-15,47), nos inserem exatamente no cerne daquilo que nós vamos celebrar neste dia. Os dois evangelhos, na verdade, se complementam perfeitamente.

O primeiro evangelho, fala da entrada de Jesus em Jerusalém, onde Jesus foi aclamado como rei, onde Jesus foi aclamado ao júbilo de hosana nas alturas. No seguro evangelho, fala do texto chamado a Paixão do Senhor, e nesse segundo evangelho, nós ouvimos falar do padecimento, da dor e da morte de Jesus.

Dois evangelhos que tratam de dois momentos completamente distintos um do outro, mas, podemos observar com total atenção, que esses dois evangelhos se complementam, porque o Rei entra na cidade de Davi e toma posse do seu trono, que é a cruz.

O Rei veio para ser coroado.

Então, diante da celebração do Domingo de Ramos nós devíamos nos perguntar: que importância tem essa cidade de Jerusalém? Por que essa cidade é tão decantada na Sagrada Escritura? Por que os autores dos textos bíblicos a todo momento se referem a Jerusalém? Por que Jesus vai a Jerusalém?

No evangelho de Jesus, segundo o evangelista Lucas, podemos observar a decisão tomada por Jesus: “Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém” Lucas 9, 51.

Por que os evangelistas narram com tanto cuidado a ida de Jesus a Jerusalém?

Para essas perguntas nós podemos responder, em primeiro lugar, que é por causa das chamadas “promessas messiânicas”. Porque todas as profecias diziam que em Jerusalém o messias, o redentor, o salvador, deveria sofrer a paixão.

Há várias promessas no antigo testamento, vários textos escritos anos e anos antes da vinda de Cristo, dizendo exatamente que o messias devia sofrer a paixão.

Jerusalém era chamada cidade do Deus altíssimo. Foi a cidade onde Deus mandou que o Rei Salomão construísse aquele famoso templo de Jerusalém.

E até hoje escutamos falar desse templo quando escutamos falar do Muro das Lamentações.

O Muro das Lamentações foi a única parede que sobrou do Templo de Jerusalém quando ele foi destruído.

Jerusalém era também a cidade do rei Davi, cuja a profecia davítica dizia: “Da descendência de Davi, conforme havia prometido, Deus fez surgir para Israel um Salvador, que é Jesus” At 13, 23.

Por esse e por muitos outros motivos, a cidade de Jerusalém era absolutamente importante.

Jesus vai a Jerusalém porque Ele era o messias prometido, Ele vai a Jerusalém porque Ele vai sofrer a paixão para redimir os homens, para salvar os homens, Ele vai a Jerusalém porque todas as profecias que falavam a respeito dEle só poderiam ser cumpridas quando Ele chegasse em Jerusalém.

Ao entrar na cidade de Jerusalém, tudo que Jesus havia feito, a sua encarnação, a pregação do seu santo evangelho, os milagres que Ele havia realizado, os ensinamentos que Ele havia dado, tudo isso encontra o seu coroamento quando Jesus entra em Jerusalém e sofre a paixão para concluir toda a sua obra.

Mas qual foi a obra realizada por Jesus?

A obra realizada por Jesus foi a obra da salvação, da remissão e da redenção do homem e da mulher.

E onde foi que Jesus realizou essa obra?

No trono da cruz. Coroado com a coroa de espinhos. Foi ali, que Jesus realizou a sua obra de redenção da humanidade.

Então, o messias prometido, desde o antigo testamento, entra triunfante em Jerusalém, aclamado como rei e do alto do seu trono, Ele salva todo homem e toda mulher.

Ao subir a cruz, Jesus, na verdade, descia até o último degrau para salvar os homens. Ao ser erguido na cruz, Jesus, na verdade, vinha ao nível dos homens, Jesus se “arrastava” na direção dos homens.

Ele foi humilhado, cuspido, flagelado e crucificado, mas Ele era Deus.

Mas sendo Jesus absolutamente perfeito e santo, por que Ele aceitou isso?

Jesus era Deus e Ele foi humilhado, flagelado, crucificado, mas devemos lembrar de uma outra palavra que está na Bíblia que diz assim: “ele ficou calado, sem abrir a boca” Is 53, 7. Ele foi para o matadouro em silêncio. Ele não reclamou uma única vez.

Então, por que nosso Senhor Jesus Cristo aceitou o sacrifício?

Nós não encontramos nenhuma outra explicação a não ser aquela que é Ele mesmo que nos dá: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” João 15, 13.

Eis o motivo pelo qual Jesus entra em Jerusalém. Eis o motivo pelo qual Jesus sofre a paixão, porque o amor tudo suporta, tudo perdoa, e foi por amor que Jesus suportou silenciosamente a humilhação da morte e morte de cruz.

Diante da paixão e da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, estamos também diante de um paradoxo.

Porque estamos diante da paixão, da dor, de um flagelo, de uma humilhação, de um aniquilamento. Porque sendo Deus e tendo assumido a nossa natureza humana, Jesus se faz servo.

Ele era Deus, mas Ele se faz servo. Jesus se humilha e se rebaixa para erguer a nós. Ele se rebaixa para que nós tivéssemos condição de nos levantar. Ele se aniquila para que nós tivéssemos vida. Foi isso!

Muitas vezes nós nem se quer meditamos a cruz de Cristo no nosso dia a dia. Ao mesmo tempo que ele sobe na cruz, Ele se rebaixa. Ao mesmo tempo em que Ele ama até o extremo, Ele também é rejeitado pelos homens.

Havia uma frase que era utilizada pelos padres da Igreja entre o século II e III que dizia assim: “Jesus sobe descendo e Jesus desce subindo”. Nós que somos discípulos dEle, devemos seguir o seu exemplo e não nos esquecer que fora da cruz não há outra escada por onde se possa subir ao céu.

Se nós quisermos que nossa vida espiritual cresça, não fujamos da cruz. Se nós quisermos que nossa vida espiritual amadureça, devemos aprender a unir-nos a Jesus Cristo na sua cruz.

Na celebração do Domingo de Ramos, espiritualmente, somos convidados pela liturgia da Igreja a entrar em Jerusalém com Jesus Cristo e a ficar ao lado dEle, porque Ele veio do céu para ficar ao lado de todos nós.

A Semana Santa nos leva exatamente a isso. A experimentar um pouco em nossa vida, a vida de Jesus, a viver esses últimos momentos de sua vida terrena ao lado dEle.

Os ramos que foram abençoados na celebração do Domingo de Ramos e que nós trazemos para casa, é para nos lembrar que entramos em Jerusalém com Ele e que devemos passar toda essa semana ao lado dEle, da condenação até a ressureição. Pois se com Ele morremos, com Ele ressuscitaremos.

Que assim Deus nos abençoe, nos guarde, e que assim todos nós aprendamos a ser gratos a Jesus pelo mistério da nossa própria redenção.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.