A solenidade de Corpus Christi começou a ser celebrada na Igreja no século XIII. A partir daquela data a Igreja passou a dedicar um dia em especial para celebrar a Eucaristia, para elevar um hino de louvor a Deus, adorar e agradecer a Jesus Cristo neste dom tão especial que é a Eucaristia.
A festa de Corpus Christi liga-se particularmente a celebração da última ceia de Nosso Senhor Jesus Cristo, porque foi precisamente naquela última ceia que Jesus nos deu o Seu corpo e o Seu sangue dizendo: “‘Tomai, comei, isto é o meu corpo.’ Em seguida, pegou um cálice, deu graças e passou-o a eles, dizendo: ‘Bebei dele todos, pois este é o meu sangue da nova aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados’.” Mt 26, 26-28.
Foi também no final da Santa Ceia que Ele mandou que esta celebração fosse perpetuada e fosse celebrada de geração em geração dizendo: “Fazei isto em memória de mim” 1Cor 11, 24.
Que riqueza, que dom maravilhoso. Os primeiros cristãos e toda a teologia católica, ao longo de todos esses séculos, quer seja pelo testemunho dos apóstolos, quer seja pela própria Igreja nascente, pelos padres da Igreja, mas sobretudo, pela revelação feita por Jesus Cristo, a Igreja logo entendeu que a Eucaristia é verdadeiro alimento.
“Minha carne”, vai dizer Jesus, “é verdadeira comida”, “O meu sangue”, vai dizer Jesus, “é verdadeira bebida” Jo 6, 55, mas também a Igreja entendeu que a Eucaristia, além de ser alimento, também é sacrifício, o sacrifício do cordeiro pascal que foi imolado para o perdão dos pecados.
O cordeiro do novo testamento é Jesus, como aponta São João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo.” Jo 1, 29, por tanto, para nós católicos, a Eucaristia guarda uma dupla dimensão: ela é, ao mesmo tempo, alimento e sacrifício, por isso, o catecismo da Igreja afirma que a Eucaristia é o sacramento que contém a presença real de Jesus Cristo, sacramento que contém Seu corpo e sangue, alma e divindade, não é uma metáfora, é uma realidade.
A Eucaristia sempre foi e sempre será o sacramento dos sacramentos, o centro de nossa vida religiosa, fonte e ápice da nossa vida cristã.
Um dos maiores teólogos da Igreja chamado São Tomás de Aquino que viveu no século XIII, nos deixou uma obra fabulosa, ele conseguiu fazer uma síntese entre a filosofia e a teologia e essa síntese é de enorme valor, portanto, São Tomás auxiliou a Igreja em vários temas de reflexão teológica, em especial, podemos destacar um desses temas de reflexão que ele auxiliou a Igreja.
Certa vez, o papa Urbano IV estava diante de um milagre eucarístico acontecido em Bolsena, na Itália, e em um dos diálogos entre São Tomás de Aquino e o papa Urbano IV, o papa lhe pergunta quais eram as suas pretensões, já que ele era um homem que se destacava como grande teólogo.
O papa perguntou para Tomás se ele ficaria em Roma, se voltaria ao seu convento ou se preferia ser professor na França e São Tomás diz que sua pretensão era a de servir ao Senhor.
O papa então diz a Tomás que iria fazer dele um cardeal, e Tomás responde ao papa dizendo que as suas intenções eram maiores que aquela.
O papa entendeu que ele desejava o papado, então, o papa Urbano IV lhe indaga:
– “Sua intenção é ser papa?”
São Tomás responde:
– “Não, minha pretensão, meu desejo, é que a festa de Corpus Christi se torne uma festa de caráter universal, não seja celebrada apenas em Roma, mas em todo o mundo católico.”
Diante da resposta de São Tomás, o papa Urbano IV então lhe encarregou de uma função, pediu a ele que preparasse todos os textos de uma missa solene para honrar a Eucaristia, então, São Tomás assim o fez, sem dúvida alguma, ele correu para o seu convento e compôs todo o formulário da missa.
Para quem não sabe o que é o formulário da missa, são todas as orações que são feitas na missa, a disposição das leituras da missa, a sequência que foi cantada nessa missa, enfim, tudo foi escolhido e preparado por São Tomás de Aquino.
Portanto, todas as orações que a Igreja reza na celebração de Corpus Christi até os dias de hoje e no mundo inteiro foram preparadas por São Tomás de Aquino. E quando ao final desta celebração for feita a exposição do Santíssimo para a benção do Santíssimo, o canto que será feito no momento da benção, o Tantum Ergo Sacramentum, também foi composto por São Tomás de Aquino para esta celebração.
Então, tendo o papa Urbano IV recebido todo aquele material de Santo Tomás de Aquino, proclamou no dia 8 de setembro de 1264 a Solenidade de Corpus Christi a ser celebrada em toda a Igreja Católica e no mundo inteiro.
Nós, a quase 800 anos depois, temos a alegria de celebrar esta liturgia onde na qual honramos a Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento do altar.
Por fim, com a festa de Corpus Christi, queremos expressar publicamente a nossa fé em Jesus eucarístico, e adorá-lo com toda nossa inteligência, toda nossa força e todo nosso coração.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.