Qual foi a missão de Jesus Cristo?

Qual foi a missão de Jesus Cristo

Não há dúvida alguma de que essa pergunta nos faria levar muito tempo dissecando esse tema pela largueza que ele tem, mas falando de maneira muito breve e sucinta, podemos dizer que a missão de Jesus Cristo, seu ministério, consiste em reunir o que estava disperso.

A missão de Jesus Cristo consiste em resgatar o homem do pecado. A missão de Jesus Cristo é uma missão que consiste em tirar o homem da treva e levar o homem para a luz.

A missão de Jesus Cristo consiste, portanto, em ser um pontífice, é daí que vem a palavra religião. Religião significa “ligar de novo”. A missão de Jesus Cristo foi para ligar de novo, para fazer o homem voltar a casa de Deus, para fazer o homem que estava no pecado poder se reconciliar com Deus.

E cabe a nós também refletir sobre uma outra coisa: e porque Ele aceitou essa missão? E, por que Ele se dispôs a se encarnar no ventre da Virgem Maria, assumir a nossa natureza humana, viver em meio aos homens, sofrer a paixão, ser cuspido, flagelado, desprezado, maltratado, morrer numa cruz? Por que? Por que ele assumiu essa missão?

Creio que só haja uma única resposta: porque Deus, verdadeiramente, ama os seus filhos. Não tem uma outra explicação. Não há uma outra palavra, não há uma outra via e ainda que houvesse nenhuma delas explicaria aquilo que São João fala na sua carta: “Deus amou tanto o mundo que enviou o Seu filho para que todo aquele que nEle crê tenha a vida eterna” São João 3, 16.

Uma vez estabelecido para nós qual foi a missão de Jesus Cristo e o motivo da missão de Jesus podemos, então, comprovar isso na vida terrena de nosso Senhor Jesus Cristo.

Qual foi a missão de Jesus Cristo na terra?

O livro do Levítico e o livro do Deuteronômio são dois livros que falam da Lei de Israel. Há uma passagem no livro do Levítico que se refere exatamente a legislação de Israel em relação a um leproso.

“Quando alguém tiver na pele do seu corpo alguma inflamação, erupção ou mancha branca, com aparência do mal da lepra, será levado ao sacerdote Aarão ou a um dos seus filhos sacerdotes. Se o homem estiver leproso é impuro, e como tal o sacerdote o deve declarar.” Levítico 2, 2.44

A doença em Israel era entendida como se fosse um castigo de Deus.

E porque Deus castigaria alguém lá no pensamento do povo de Israel?

Eles diziam o seguinte: quando uma pessoa cometia um pecado grave Deus então retirava a sua mão da vida daquela pessoa, ou seja, retirava a sua bênção da vida daquela pessoa e o resultado era que aquela pessoa ficava enferma. Sem a bênção de Deus ela ficava doente.

Era assim que eles pensavam.

Só que tinha um detalhe: quanto mais grave fosse a doença eles entendiam que maior ainda foi o pecado que essa pessoa cometeu. Então, dentre todas as doenças, aquela que eles consideravam a mais grave de todas era a lepra.

O livro do Levítico descreve qual era a normativa de Israel para uma pessoa que fosse acometida pela lepra.

Uma vez que eles entendiam que era uma doença grave, como consequência de um pecado grave, aos olhos da sociedade de Israel o leproso era então considerado um amaldiçoado por Deus, e se ele era portanto pecador e amaldiçoado por Deus, então eles pensavam: essa pessoa não pode pertencer a comunidade, essa pessoa precisava afastar-se da comunidade, por isso que o livro do Levítico diz que o leproso devia deixar sua família, o convívio social e morar fora da cidade de Israel, num acampamento a parte da cidade de Israel.

E para concluirmos, a legislação judaica a respeito dos leprosos trazia também duas outras graves observações:

1ª observação: jamais uma pessoa leprosa podia dirigir a sua palavra a uma pessoa que estivesse sã, jamais, isso era proibido pela lei de Israel, e sabe porque eles faziam isso? Porque eles diziam: o leproso é impuro e o outro que tem saúde, tem saúde porque é puro, então, o impuro não se aproxima daquele que é puro.

2ª observação: se uma pessoa sã tocasse numa pessoa leprosa ela não adquiria num primeiro momento a lepra, mas ela se tornava impura por ter tocado uma pessoa que estava impura. Para que essa pessoa restituísse a sua pureza, ela precisava ir ao templo de Jerusalém e passar pelo banho chamado Banho Ritual da Purificação.

Como podemos ver, a situação de uma pessoa leprosa era cheia de sanções de toda a espécie: social, parental e espiritual.

Entretanto, o evangelho narrado por São Marcos nos conta que contrariando a lei judaica um homem leproso se aproximou de Jesus e dirigiu-Lhe a sua palavra e pediu a Jesus que o curasse, dizendo para o senhor: “Senhor, se queres, tu tens o poder de curar-me” Marcos 1, 40.

O leproso sabia muito bem que ele não podia dirigir a sua palavra a Jesus. Muito provavelmente, ele fez isso porque deve ter chegado aos ouvidos desse homem as histórias de Jesus, os milagres realizados pelo Senhor.

Ele deve ter ouvido falar que Jesus havia feito o surdo ouvir, mudo falar, paralitico andar.

Então, esse homem, se encheu de esperança, se encheu de confiança, mais ainda que isso, chegou ao coração desse homem a palavra de Jesus.

Então o leproso do evangelho de Marcos, parece que é um homem em que abriu para ele o horizonte da esperança, e ele, então, mesmo sabendo que infringia a lei de Israel, se aproximou de Jesus, e solicitou essa graça a nosso Senhor Jesus Cristo.

Por um momento podemos pensar: como seria ser leproso naquela época, a margem como essa pessoa vivia? Era uma pessoa mergulhada na miséria, na marginalidade, é esse homem, totalmente desprotegido, abandonado, largado, que confia no amor e na misericórdia do Senhor.

E o evangelho diz que diante do pedido Jesus olhou para ele cheio de compaixão. E Jesus não somente disse para aquele homem: “Eu quero: fica curado!” Marcos 1, 41. Foi mais que isso. Jesus estendeu a sua mão, tocou no leproso e o leproso ficou curado.

Este gesto de Jesus, de tocar o leproso, na verdade se dirige a nós, por que é Ele que nos toca também e estende a sua mão para abraçar a cada um de nós.

Esse gesto dEle manifesta perfeitamente a vontade que Deus tem de abraçar o pecador, de purificar o pecador, de levar o pecador para Ele, de tirar o pecador da treva, levar o pecador para a luz, de restituir a graça na vida do pecador.

Esse leproso do evangelho somos nós, Jesus estende a sua mão em nossa direção, abre seus braços para acolher a cada um de nós. O evangelho de São Marcos nos mostra a missão de Jesus Cristo de forma total e plena.

Ao estender a mão Jesus mais que tocava na pele daquele homem, Jesus tocava no coração daquele homem.

É muito importante compreender qual é o ponto central do evangelho de Marcos.

O ponto central do evangelho não é a cura física daquele homem leproso, e sim o amor de Deus, a misericórdia divina, é saber que eu “leproso” sou amado por Ele, pecador, sou amador por Ele, mesmo com as nossas indelicadezas, Deus nos ama. Jesus não tem nojo de nós, mesmo atolados em nossos pecados, impurezas, sujos pela lepra do pecado, Jesus nos estende a sua mão e nos acolhe com o seu amor.

Mas o amor de Deus não é uma espécie de uma “liberação” para que o homem peque. O amor de Deus é um convite para que o homem saia do pecado, se converta, saia da treva para a luz.

Deus não nos quer morando do lado de fora, Deus nos quer morando na sua casa, é isso que ele deseja para cada um de nós. Nunca fiquemos longe de Deus.

Quando um leproso andava por Israel, ele deveria gritar: “Impuro, impuro”, para que todos saíssem e ninguém dele se aproximasse. Jesus fez exatamente o contrário. É Ele que vem ao nosso encontro, é Ele que usa de sua misericórdia com cada um de nós.

Peçamos, então, a Jesus, que Ele toque no nosso coração. Que Ele toque na nossa vida. Mas que todos nós tenhamos a coragem de ir a Ele porque só nEle há vida plena.